sexta-feira, 28 de março de 2008
Encontramos nosso Maradona
quarta-feira, 26 de março de 2008
Mundo Nikkei
Em comemoração ao centenário da imigração japonesa ao Brasil, tornaram-se comuns eventos e acontecimentos voltados à cultura milenar japonesa, principalmente no que se refere às artes e a gastronomia. Difundir a riqueza deste conjunto peninsular oriental é um dever cívico, quase uma obrigação. O grupo teatral masculino Condors trouxe sua irreverência com uma mistura de dança, teatro antigo, humor e rock pesado. Na cidade que abriga a maior colônia nipônica, pipocam amostras deste país ao mesmo tempo moderno e tradicional. Até mesmo no cinema o espectador já está acostumado a embarcar em filmes perturbados sobre os limites da questão humana. Não é o caso de Mundo Nikkei – Os Brasileiros do Outro Lado do Mundo, um documentário que entrou em cartaz no Bombrilzinho apenas para cumprir tabela deste dever cívico patriótico. Patrocinado pelo Banco Real, este didático filmezinho chapa-branca narra, de um modo tão modorrento quanto as aulas de História do primário de escola estadual, as chatices geográficas do Japão e como os imigrantes vivem, tanto lá quanto aqui. A narração parece leitura pura de livro escolar. Como se não bastasse, o filme rende-se ao poder financeiro ao dar voz a alguns diretores do banco financiador da empreitada, dizendo sempre aquele blá-blá-blá da importância japonesa ao desenvolvimento do país. A diretora aparece – e muito – no filme, dando uma de guia turístico quando mostra alguns monumentos e patrimônios históricos do lado do nascer do sol. Tudo é muito duro, quadradíssimo. A estrutura rígida travada, a falta de questões e reflexões mais abrangentes que fogem do óbvio trazem a pergunta: pra que este filme? Tudo muito ingênuo, tudo muito poliano, sem a intenção de machucar ninguém. Mas aqui, na vesguice analítica que rege a página, a ingenuidade é imperdoável.
quinta-feira, 20 de março de 2008
Turtleland
Nosso prefeito é um perfeito batráquio.
E o povo paulistano é cágado.
De Gaulle
Tempos atrás, soube que ele jamais teria dito isso.
Tá vendo? Nem as piadas sobre o país são sérias.
quarta-feira, 19 de março de 2008
Kassab no Cinesesc
Parece que até o Cinesesc foi pego pela lei Cidade Limpa ou algo que o valha. Nesse período de transição administrativa, a nova diretoria concretizou propostas, meramente estruturais, que parecem pretender acabar com aquela saudável bagunça dos dias de eventos e coquetéis. As medidas normativas são dignas das cartilhas dos mais rigorosos alcaides. A bilheteira que recolhe os ingressos foi recuada para bem próximo à porta da sala do cinema, fazendo com que o saguão se transforme num espaço mais coletivo e aberto. Houve uma inversão de acessos: a entrada passou a ser a saída da sala, e vice-versa. Se antes essa indicação informal era apenas uma simples convenção, agora está tudo devidamente sinalizado, de acordo com os símbolos universais do Código de Trânsito: placas e mais placas afixadas nas paredes, bem como adesivos de chão com setas indicando o fluxo de “passageiros”. A nova gerência também pretende pegar pesado com os viciados: tanto na sala de espera quanto no bar é terminantemente proibido fumar. Falando em bar, as portas basculantes do local foram substituídas por flâmulas plásticas coloridas. O charmoso toque da campainha ao início da sessão, um dos diferenciais da sala, permanece. Agora resta saber se haverá aplicação de multas ou perda de pontos na Carteira para quem infringir as novas regras.
terça-feira, 18 de março de 2008
Um Sonho Dentro de um Sonho
3 lentilhas
2 Dias em Paris
3 lentilhas
Ponto de Vista
2,5 lentilhas
Critérios de avaliação
Caldo - é ralo, sem grão, sem substância sólida alguma. Água pura. Equivalente à bola preta, à nota zero, à bombinha explodindo, ao bonequinho dormindo e afins.
1 lentilha - meia-bocaça. Ruim de doer. Falta muito arroz-e-feijão para se chegar a algo.
2 lentilhas - de boas intenções o Inferno tá cheio.
3 lentilhas - just OK. Legal, bonzinho. Politicamente correto e dentro das expectativas, nada mais do que isso. Faltou caprichar um pouco mais na mistura.
4 lentilhas - bom, muito bom. Tempero na medida certa. Cardápio de primeira. Acertou em cheio.
Mjadra - o nome é horrível e sugere muita coisa escatológica, mas esse prato típico de Reveillon é o toque de mestre pra dar sorte. Obra-prima. O píncaro. O manjar divino.
domingo, 16 de março de 2008
Bem-vindo ao ócio
Antes do começo de tudo, algumas respostas pra você saber se sua leitura tem a ver com este diário ou não.
Por que um blog?
Para expandir meus mecanismos de me expressar para o mundo. Para criar novos leitores, novos hábitos, novas frentes de amizade, novas comunidades. Para compartilhar experiências. Para ser elogiado, ser criticado, ser ignorado. Para ampliar as ferramentas de falar com o mundo, pensar o país, pensar o ser humano.
Por que um blog agora?
Porque eu sempre fui meio atrasadinho em relação às tendências. Porque percebi que era inevitável fazer parte dessa tribo. Porque não dava mais para eu continuar fazendo o que fazia sem ter um domicílio próprio virtual. Porque atualmente é a melhor e mais prática maneira de eu escrever o que penso. Porque a idéia me soou boa no momento e eu gostei. Por puro oportunismo. Por pura picaretagem.
Por que lentilhas?
Porque é uma versão atabalhoada e cacofônica da palavra letrinhas, meu ofício, meu presídio. Porque os místicos acreditam dar sorte, principalmente na virada do ano. Porque em toda mesa gastronômica esse simples grão gera uma polêmica danada: uns acham insípido, outros delicioso. Porque ganha vida e sabor de acordo com o tempero. A lentilha é o patinho feio das sementes: ou vira cisne, ou morre afogada e vai pro lixo. Porque sem bacon, ela não é nada. Porque é o upgrade afrescalhado do feijão.
Por que vesgas?
Porque rima com frescas. Porque, devido à idade, precisa fazer periódicos exames oftalmológicos. Porque tenho de admitir que minha maneira de enxergar as coisas não é das mais diretas e obtusas. Porque o mundo ganha mais vida e mais graça se visto sob um olhar torto, enviesado, convexo em relação ao objeto real.