sábado, 24 de maio de 2008

Corra,trouxa, corra

A cidade de São Paulo (talvez uma parceria entre a Prefeitura e o CET) ganhou um novo dispositivo para preservar a segurança no trânsito. Em alguns semáforos estratégicos, foi implantado em fase de teste um temporizador simultâneo ao sinal eletrônico de pedestres. Excelente notícia, ainda mais em uma metrópole que corre contra o relógio. Essa iniciativa amplia o escopo de uma medida já adotada em outras cidades e municípios (que eu conheça, Osasco é um exemplo de sucesso). Tem tudo para dar certo, pois não me parece que instalar um cronômetro regressivo básico junto aos principais faróis vá onerar substancialmente o município dos túneis e fura-filas. Esse moderno sistema auxilia os cidadãos para saberem com maior precisão se devem ou não devem dar o primeiro passo sobre a faixa de pedestres. Além disso, previne-os daquele sustinho imediato e instantâneo quando um infame (pra dizer o mínimo) motoqueiro dá aquela aceleradinha, mesmo quando o sinal ainda está vermelho para ele. Eu, confesso, por reflexo condicionado, sou um daqueles que acredita que o sinal já está prestes a abrir para os motoristas quando ouço esse ruído enganoso. Mas a questão não é a medida em si. O tempo concedido à travessia é o mínimo possível. Não estamos diante de um complexo organizado de maratonistas quenianos disputando a São Silvestre. Doze segundos para ir de um lado a outro (distância de cerca de 8 a 10 metros, dependendo da via, ou mais ou menos meia dúzia de listras brancas coladas ao pavimento), só mesmo os office-boys e os pernalongas. Certamente o tempo concedido aos automóveis é muito maior, o que comprova que nossa cidade está sim, de fato e cada vez mais, priorizando o indivíduo motorizado. O verde brilhante, típico de produto novo instalado na cidade, é realmente uma idéia brilhante. Mas 20% de minuto como brecha para nos locomovermos, isso tá parecendo esmola de farol de trânsito.

domingo, 18 de maio de 2008

Congestionamento virtual

Tô cada vez mais cansado e impaciente com o trânsito de São Paulo. Não, não me refiro aos mais de 6 milhões de automóveis andando a passos de tartaruga e entupindo as vias arteriais e asfálticas da cidade. O meu estado possesso refere-se a uma questão indelicada, que fere a ética e o bom senso. Não existe mais vaga para eu estacionar a flechinha do meu mouse nos grandes portais do ciberespaço. A cada milimétrica movimentação surge, de modo às vezes inconveniente e inoportuno, a clicável mãozinha. Se um dia os filhotes de Bill Gates nos prometeram que a Internet seria o caminho mais fácil e democrático para a liberdade de escolha, onde está então a conquista desse direito? Em vez de notarmos um movimento que vai cada vez mais ao encontro das tendências e necessidades do internauta, vemos, em alguns casos isolados mas não menos insuportáveis, a prática espertinha de se tentar fugir dos bloqueadores de pop-up e demais ferramentas de segurança oferecida pelos browsers. Se a propaganda vale-se de sua qualidade única e inquestionável de despertar a curiosidade, de modo criativo e diferenciado porém respeitoso para gerar negócios, por que então um monte de pentelhos ficam azucrinando nossa navegação? Ninguém liga a TV para assistir aos comerciais, isso é fato. A propaganda é uma espécie de interferência ou interrupção do propósito inicial do consumidor em potencial. Mas nesse engavetamento caótico virtual que se transformou a web, tem neguinho acando que chamar a atenção é furar fila, falar mais alto que os outros, fazer o buzinaço em plena nova ponte de Água Espraiada totalmente parada. Quase que eu aciono o PROCOM quando havia no meu portal principal de navegação um banner, que conseguiu escapar ileso e incólume das estacas virtuais, que espalhava um monte de letrinha por toda a tela, impedindo a boa leitura e a escolha criteriosa dos demais links. Hoje é quase impossível achar o "xisinho" que fecha essa janela comercial. Isso sem falar nos constantes "banners-persiana", aqueles que depencam sobre a tela quase cheia quando você simplesmente escorrega neles. É dessa maneira que as grandes empresas vão conseguir me convencer a comprar seus produtos? Muito pelo contrário. A única coisa que esses malas que se acham "modernos" conseguiram foi encabeçar minha lista do ódio. Woody Allen é franzino, Paulo Francis também foi. Caetano Veloso é magérrimo. Quando há bom humor e inteligência, não há por que fazer força para aparecer. Na Internet, infelizmente, tem muita gente querendo ser Elke Maravilha.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

TV chata

Ainda está em fase de aprendizado a programação (se é que se pode chamar assim) dos canais de TV exibidos dentro de alguns novos ônibus da cidade de São Paulo. Pelo menos existe uma certa concorrência, o que é saudável. Um dos canais faz questão de divulgar que seus programetes são silenciosos, o que derruba aquela chatice da freadinha do microônibus toscamente ilustrado no canal concorrente. Sinal de respeito aos que gostam de cochilar dentro do coletivo ou não fazem questão de ruído sonoro algum, já que a cidade tá entupida deles. Uma ou outra idéia até é válida, como piadinhas, dicas culinárias e historinhas (des)animadas. Mas ainda falta muito para se chegar ao patamar de excelência. Ficaria mais interessante com a inclusão de videoclips, filmes (por que não?), notícias e até mesmo dicas de itinerários, ou quem sabe roteiro cultural (como bem faz o Metrô, no mesmo espaço). As centrais de mídia estão dormindo, pois essa é uma outra maneira de correr atrás de anunciantes. Com o tempo, acho que esse canal vai amadurecer. Por enquanto, ainda destoa da nova frota que acha que exala modernidade.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Bodas de cansaço

Quem for assistir ao novo filme do Kim-Ki Duk, Fôlego, exclusivamente no Reserva Cultural, irá perceber que o trailer de Bodas de Papel, novo filme dirigido por André Sturm, aparece duas vezes. Tal duplicidade talvez se deve ao fato de que ambos são distribuídos pela Pandora Filmes, empresa do diretor citado. É provável que um trailer conste na programação habitual do Reserva, inclusive nas outras salas do complexo, e outro esteja colado ao filme exibido. Deve ser mesmo uma questão de falha logística, pois não há nele nenhum mérito que justifique o repeteco. Um interminável diálogo entre um casal, ele plantando uma muda, ela explicando que dizem que dá azar plantar depois das 10 e meia da manhã. Tudo meio duro, meio travado, sem appetite appeal. Ouvi dizer que o filme propriamente dito nem é tão ruim assim. Vamos ver o que essas bodas de azaléas nos têm a dizer.