quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Eleições

Como preparar um candidato para as eleições:
- Faça uma cara bem séria. Você não está aqui pra brincadeira. Mostre que você tem compromisso com a ética. Transmita seriedade, segurança, confiança ao seu eleitor.
- Hmmm, melhor não... Muito sério vai ficar sisudo demais. Ninguém quer mais um cara carrancudo e chato no poder. Abra um sorriso. Mostre que você é amigo do povo. O sorriso aberto passa simpatia, proximidade, como se você fosse praticamente da família do eleitor.
- Então faça uma cara séria, com olhar firme e fixo, pra passar seriedade, mas sem ficar com os músculos duros demais. Relaxe o pescoço. Mova um pouco os lábios pra cima, como se estivesse querendo abrir um sorriso. Mas não sorria demais, senão vão achar que você tá tirando sarro da cara do eleitor. Nem muito sério, nem muito sorridente.
- Use um terno com gravata. Político é uma profissão de respeito e deve passar respeito pro eleitor. Ninguém acredita mais nos políticos. Já um candidato bem vestido é visto com outros olhos. Passa a sensação de segurança. Quem cuida da cidade, do país, precisa antes de tudo cuidar da própria imagem.
- Acho que não. Use roupas mais leves, do dia a dia. Uma camisa polo tá de bom tamanho. Ternos muito caros dão a ideia de ostentação. Político de gravata é só mais um no meio de tantos. Já as roupas mais informais passam a sensação de proximidade, calor humano. Dá um aspecto mais moderno, jovial. O eleitor se identifica mais. Além disso, passa a impressão de ser mais novo.
- Vamos fazer o seguinte. Na hora de gravar o programa e dar entrevistas, use terno e gravata. Ao visitar um bairro da periferia, tire o paletó e deixe a gravata. Coloque o paletó de novo se for dar palestra em universidade. A não ser que a maioria dos estudantes presentes seja de calouros, aí você tira o paletó. Nos comícios, use só camisa, sem gravata. Desabotoe os botões de cima. E se chover, use o paletó de guarda-chuva.
- Abuse dos gestos. Use bastante as mãos, os braços, pra mostrar que você é articulado. Muitas vezes a TV pode estar no “mudo” no horário eleitoral. E com os gestos a pessoa entende suas propostas mesmo sem ouvi-las. Além disso, você vai atender a parcela de deficientes auditivos. Aponte para o eleitor pra mostrar que você está falando diretamente com ele, e não com a massa toda. Ele deve se sentir único, exclusivo, especial.
- De jeito nenhum. Apontar para o eleitor é sinal de autoritarismo, de comando unilateral de voz. O povo quer diálogo. Muito gestual passa insegurança. Seja firme, contido, econômico nos gestos. Menos é mais. Em vez de levantar as mãos, levante propostas.
- Algo por aí. Levante o braço e baixe rapidamente. Na dúvida, use só uma das mãos. Reparou que os melhores atores não precisam das duas mãos? Use mas não use, seja rápido nos gestos, com uma das mãos, como se estivesse tirando par ou ímpar, ou jokenpô.
- Você é um cara que superou obstáculos e passou por dificuldades. E está aí, firme e forte. Não vai me chorar diante da TV. Ninguém quer um candidato frouxo. Seja firme, esconda suas lágrimas, mostre toda a sua força, garra e coragem de vencer.
- Nada disso. Política é razão, mas também é emoção. Tente comover seu eleitorado, mostrando que também sofre com os problemas do país. Assim como eles. Abuse do tom emocional no discurso. Os brutos também amam. Entregue-se de coração nessa cmapanha pra passar naturalidade.
- Chore então apenas pelo olho esquerdo, OK?
- Você tem muita história pra contar. Fale bastante do seu passado, das suas lutas e conquistas. Mostre que você tem experiência. Convença o eleitor que você é um candidato capacitado e preparado para enfrentar os desafios.
- Na na ni na não. Político muito experiente, muito antigo, passa a ideia de coisa velha. O povo quer é inovação. Eles esperam a renovação das pessoas que vão ocupar os cargos. Seja autêntico, mostre que você é diferente de tudo o que está aí e que veio pra trazer frescor, ideias novas. Se falar muito do passado, vai sempre ter alguém que vai entrar no Google pra investigar sua vida, isso não é bom.
- É por aí. Você não é um ancião nem um bebezinho. Se perguntarem sobre a Ditadura, por exemplo, fale que você sofreu muito, participou das lutas, mas era novo demais pra estar lá presente. Fale que você é um dos fundadores do partido, mas faz parte de uma nova geração. Uma nova geração de fundadores do partido. Entendeu?
- Use palavras mais difíceis nos discursos. Você é, antes de tudo, um especialista. Mostre seu conhecimento técnico do assunto, sua experiência, sua vivência na área pública. Cuidado com os erros de Português. Ninguém mais quer um analfabeto no poder. Além disso, quanto mais difícil você falar, menores as chances do adversário discordar de você.
- Mas eu discordo. Se você falar rebuscado demais vai ficar pedante. E se o eleitor não entender o que você fala não vai votar em você. Seja simples, direto, objetivo. O povo tem que se identificar com você. Ele quer ver o seu espelho lá no poder. Uma pessoa que fala a mesma língua, portanto, entende dos mesmos problemas.
- Seja culto, mas não prolixo. Transmita conhecimentos sem ser pernóstico. Seja simples sem ser vulgar. Seja direto sem ser raso. Agora é com você. Boa sorte, estamos do seu lado nestas eleições.
E lá vamos nós votar em candidatos-sabonete. Sabonete neutro.


sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Frases

Frases que você provavelmente NUNCA vai ouvir:
- É melhor a gente dar um tempo. O problema não sou eu, é você. Eu até que sou bem resolvido, mas você é um pé no saco.
- Carlos, benzinho, adoooro quando você peida debaixo das cobertas. Faz de novo.
- Seu prato já está chegando. Não faço ideia de quanto tempo vai demorar, não fui à cozinha pra ver, nem lembro o que você pediu, mas tô falando isso só pra você parar de me encher o saco.
- Cortou o cabelo, amor? Ficou uma bosta. Melhor a gente pedir uma pizza que eu não quero sair com você assim.
- Prometo construir mais creches, mais escolas e mais hospitais, e sei que só vou conseguir cumprir no máximo 15% das minhas promessas porque são inviáveis ou fogem da minha alçada administrativa.
- Quer levar mais alguma coisa? Tá precisando de uma camisa, cinto, gravata, ou qualquer treco pra deixar encostado no armário? Compra aí, eu preciso vender mais do que a Sabrina pra aumentar minha comissão e poder comprar um iPhone.
- Não, eu não tô bão. Eu tô é bêbado, e tenho plena consciência de que meus reflexos diminuem consideravelmente se estiver ao volante.
- Não, eu não tô com dor de cabeça. Só não quero transar e tô com sono. Além disso, você trepa mal.
- É verdade, Pedro, seu time é MUITO melhor do que o meu. O meu só ganha partida quando o juiz rouba, e corre o risco de ser rebaixado. Só torço pra ele por uma questão hereditária.
- Dá uma ajuda, moço. Por favor. Eu preciso gastar em pinga e comprar crack. Essas crianças de colo nem são minhas.
- Se é meia ou inteira? Inteira. Eu te mostrei meu RG, carteirinha de estudante e comprovante de matrícula só pra você me conhecer melhor.
- Podem conversar à vontade aí atrás. Sei que é um filme do Godard que exige a máxima concentração, mas não ligo pra tagarelice e adorei quando você falou pro seu namorado que não tá entendendo nada.
- Eu tenho o pau pequeno.
- Tô cagando se a senhora tem mais de 65 anos. Entrei primeiro no ônibus e não tô a fim de ficar em pé. E não adianta olhar feio porque vou fingir que tô dormindo.
- Xiii, o assunto chegou. Então, “assunto”, preciso te dizer umas coisas. O pessoal aqui da firma fala mal de você direto porque...
- Joca, apesar de sermos amigos há mais de 10 anos e eu saber que você ensaiou durante 6 meses, achei a peça um lixo e a sua atuação medíocre. Só vim aqui na noite de estreia por causa do coquetel.
- Ao persistirem os sintomas, é melhor se benzer.
- Por favor, me conte mais sobre suas ex-namoradas.
- Ma... ma’m... oi... o filme não é muito bom porra nenhuma... minha mulher dormiu no meio... eu só vou passar porque aqui no SBT só passa merda...
- Sim, Bernadete, você demorou. Pra caralho. É a terceira cerveja que pedi. Isso sem contar os 20 minutos tentando achar uma vaga na rua.
- Não, não vamos marcar um almoço. Eu te encontrei aqui no shopping por acaso, foi só isso. Provavelmente nunca mais vou te ver na vida. Mas eu te sigo no Facebook.
- Aaah, desliga vocêêê... – Tá bom, tchau (plinc).