Neste meu atual momento de vida, ainda não encontrei aquela
pessoa com quem dormir de conchinha, ver um filme de mãos dadas, esbarrar a
perna (de propósito) debaixo da mesa de restaurante, dividir um sorvete de
casquinha. Aquela mulher que aceite não aceitando do jeito que sou, com minhas
manias, meus medos, meus vícios. Mulher pra debater uma peça de teatro sem cair
em chavões, ouvir opiniões sobre um livro, discutir ferozmente sobre
divergências políticas, ideológicas e lugar pra deixar a toalha molhada. Mulher
que esquece o batom no carro, esquece a carteira dentro de casa, esquece de
colocar o lixo na rua, mas nunca se esquece de você. Mulher que fica
mal-humorada de repente não mais do que de repente, mas depois pede centenas de
milhares de desculpas. Mulher sensível diante do espelho e selvagem no apagar
das luzes. Mulher que manda WhatsApp, curte seus posts no Facebook, liga de
madrugada mas sempre prefere o silêncio do olho no olho. Mulher que chora sem
saber por que e ri – também sem saber por quê. Mulher que te faz crescer e se
sentir uma pessoa melhor. Ainda não encontrei aquela mulher que, nas incertezas
aritméticas da vida, subtrai preconceitos, soma alegrias, divide angústias e multiplica
prazeres.
Mas continuo insistinder.