segunda-feira, 9 de março de 2015

Mulher

Neste meu atual momento de vida, ainda não encontrei aquela pessoa com quem dormir de conchinha, ver um filme de mãos dadas, esbarrar a perna (de propósito) debaixo da mesa de restaurante, dividir um sorvete de casquinha. Aquela mulher que aceite não aceitando do jeito que sou, com minhas manias, meus medos, meus vícios. Mulher pra debater uma peça de teatro sem cair em chavões, ouvir opiniões sobre um livro, discutir ferozmente sobre divergências políticas, ideológicas e lugar pra deixar a toalha molhada. Mulher que esquece o batom no carro, esquece a carteira dentro de casa, esquece de colocar o lixo na rua, mas nunca se esquece de você. Mulher que fica mal-humorada de repente não mais do que de repente, mas depois pede centenas de milhares de desculpas. Mulher sensível diante do espelho e selvagem no apagar das luzes. Mulher que manda WhatsApp, curte seus posts no Facebook, liga de madrugada mas sempre prefere o silêncio do olho no olho. Mulher que chora sem saber por que e ri – também sem saber por quê. Mulher que te faz crescer e se sentir uma pessoa melhor. Ainda não encontrei aquela mulher que, nas incertezas aritméticas da vida, subtrai preconceitos, soma alegrias, divide angústias e multiplica prazeres.

Mas continuo insistinder.