A sala era escura. Aquele ar sombrio contrastava com a
parede azul-celeste e suas leves manchas de mofo. Alguns espelhos colados na
superfície lateral do prostíbulo mostravam quem entrava e quem saía daquele
lupanar. Eles faziam par com alguns pôsteres da Marilyn Monroe, Brigitte Bardot
e alguma desconhecida que posou para a Playboy nos anos 70. Um ventilador de
teto funcionava bem devagarinho, não dava conta de suavizar o calor infernal
daquela data. De vez em quando engasgava, parava e logo voltava a funcionar.
Uma máquina jukebox movida a fichas tortas tocava o hit da Anitta, num volume
sonoro beirando o insuportável.
Robson estava ali, quietinho, no canto mais escuro ainda,
observando o ambiente. Tomou apenas uma latinha de cerveja, que ficava
esquentando em sua mão durante longos minutos. Diante de seus olhos quase
adormecidos passavam pernas magras, pernas brancas, seios fartos, seios
siliconados, nádegas opulentas, biquínis fora de moda, cabelos oxigenados,
pescoços morenos, cabelos curtos, tudo o que se podia imaginar do universo
feminino. Como se estivesse num zoológico, espreitava atentamente, num misto de
sede e curiosidade, a diversidade étnica da espécie humana. Até chegar sua musa
preferida, estava ali analisando os modelos de carne expostos na sorumbática
vitrine. Fitou a loira mais calada da noite e dirigiu-se a ela.
- Oi. Tudo bem?
- Tudo. Conhece o esquema da casa?
- Sim.
- Pagamento adiantado. Vamos lá esquentar um pouquinho?
- Vamos. Mas antes, qual é o seu nome?
- Jéssica.
- Oi. Tudo bem?
- Tudo. Conhece o esquema da casa?
- Sim.
- Pagamento adiantado. Vamos lá esquentar um pouquinho?
- Vamos. Mas antes, qual é o seu nome?
- Jéssica.
A moçoila da vida foi até o balcão, pegou seu kit com toalha
e nécessaire e, de mãos dadas, conduziu o inepto jovem ao mais recôndito
quarto. Dentro do quarto, tirou a roupa em questão de segundos, ajudou o jovem
a tirar a roupa dele, deitou-o na cama e e começou a fazer uma breve massagem
em seu peito. Abriu sua bolsa, pegou um preservativo e lançou-se ao sexo oral.
Com uma cara de safada impossível de disfarçar, olhou pra
cima e foi subindo. Montou suas coxas sobre o poste ereto do mancebo e começou
a cavalgar. Num gesto automático, virou-se de costas para o rapaz, empinando
suas nádegas.
Robson apertou o corpo de Jéssica para si e começou o trote.
Cada vez mais rápido. Puxou os cabelos da sirigaita, o que a fez lançar alguns
descontrolados gemidos. Jéssica virou-se de frente para Robson, no intuito de
finalizar o ato épico de modo convencional. Cada vez mais ofegantes, ele se
aproximou do rosto de Jéssica, tentou dar um beijo, mas ela o repreendeu:
- Beijo na boca não, gato. Não faço esse tipo de intimidade.
- Beijo na boca não, gato. Não faço esse tipo de intimidade.