sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Expressões

As expressões do dia a dia e seu verdadeiro significado.
Quando você ouve:
“Vamos conversar?” de sua namorada, isso quer dizer “estou carente e você não me dá atenção”.
“Vamos conversar” de sua namorada, isso quer dizer “estou terminando com você”.
“Tem um minutinho?” de seu chefe, isso significa “vou te demitir”.
“Só um minutinho” do atendente de telemarketing da empresa para a qual você ligou, pode esperar no mínimo 45 minutinhos.
“Um minutinho da sua atenção” de um cara na rua com um monte de folhetos, ele quer dizer “vou te encher muito o saco pra você comprar alguma coisa de mim”.
“Talvez” em um evento que você criou no Facebook, isso significa “não vou nem que a vaca tussa”.
“Aparece lá em casa” de um amigo que você encontra na rua e não vê faz tempo, no fundo ele tá pensando “tomara que ele não me procure”.
“99379-8866” de uma gata que você acabou de conhecer na balada, a verdadeira resposta seria “98723-4552”.
“Vamos marcar um almoço” de um ex-colega de trabalho que você encontra na rua, ele no fundo está pensando “como é mesmo o nome desse cara?”.
“E como é que tá lá?” desse mesmo ex-colega que você encontra: “meu emprego tá uma bosta e eu to louco pra sair. Me indica onde você tá trabalhando”.
“Não, não precisa” de sua namorada: “se você não fizer isso que eu tô pedindo eu te mato!”.
“E aí cara, blz?” inbox no Facebook de um amigo que não vê faz muito tempo: “estou desempregado”.
“Adorei te conhecer” de uma pessoa que você conheceu pelas redes sociais: “nunca mais me procure”.
“Só tô dando uma olhadinha” de um cara ao seu lado quando é abordado por uma vendedora de loja: “não vou comprar nada, não me encha o saco”.
“Tá na promoção” dessa vendedora de loja: “é caro pra caralho, trouxa”.
“Não, não quero” da namorada com quem você está há 2 meses: “me come, me come agora”.
“Não, não quero” da namorada com quem você está há 2 anos: “não, não quero”.


terça-feira, 25 de agosto de 2015

Não aguento mais

Eu não aguento mais o Facebook e sua seletividade suspeita. Xiitas e sectários divididos em guetos, berrando seu ódio como se fosse a mais legítima forma de expressar suas convicções ideológicas.
Eu não aguento mais o Instagram. Pessoas felizes, em viagens felizes, comendo comidas felizes, adotando cachorrinhos mais felizes ainda. O Prozac das redes sociais. Aqui não tem lugar para conflitos internos nem crises de depressão.
Eu não aguento mais o rock atual. Sem peso, sem vida, sem coragem de criar, com menos coragem ainda de copiar bem copiado. Nos anos 70 a gente tinha Rolling Stones e Led Zeppelin. Hoje, a gente se contenta com Tame Impala e Fleet Foxes.
Eu não aguento mais o governo brasileiro, que prometeu o Fome Zero, enterrou o PAC e agora tem dificuldade até para pagar o adiantamento do 13º aos aposentados e pensionistas.
Eu não aguento mais o dólar, esse sim o gigante que acordou. Hibernou por mais de uma década, fodeu as exportações, e agora resolveu escalar montanhas a passos largos, bem na época em que mais brasileiros pensam em morar no exterior.
Eu não aguento mais pasta de dente, que tem o cálcio, o flúor e a menta pra disfarçar o gosto amargo da manhã.
Eu não aguento mais o menos é mais. Menos é menos. Se discorda de mim, vá procurar o sentido da expressão inutilia truncat. Tem gente que confunde concisão de ideias com castração de estilos.
Eu não aguento mais os rappers, que cantam músicas de protesto com suas correntes de ouro.
Eu não aguento mais a Publicidade, que exige da gente costurar novas roupagens para velhos problemas.
Eu não aguento mais o PT. Por motivos mais do que óbvios.
Eu não aguento mais o PSDB. Por motivos mais do que óbvios.
Eu não aguento mais o Tinder, que nos oferece sugestões de comer como se fosse um cardápio, e nos permite passar o dedo sobre o rosto das mulheres como se estivéssemos virando as páginas do próprio.
Eu não aguento mais o Haddad, aquele prefeito-gato megalomaníaco, que, num ato súbito e inconsequente, resolveu borrar de batom vermelho os lábios viários de São Paulo, como se essa fosse a única solução urbana possível.
Eu não aguento mais o Pânico. Nunca aguentei.
Eu não aguento mais o Porta dos Fundos, a divertida e aguardada panaceia da sociedade, que vem substituindo a acidez crítica pela gratuidade do humor cinza.
Eu não aguento mais os shopping centers, obeliscos esquizofrênicos do consumo, cativeiros clonados da gastança mais do que desnecessária.
Eu não aguento mais sertanejo universitário. Ponto.
Eu não aguento mais o WhatsApp, cocaína cibernética que faz as pessoas digitarem cada vez mais e conversarem cada vez menos.
Eu não aguento mais a gourmetização do nada.
Eu não aguento mais os blind dates. Junto com eles me vem à cabeça a música Construção (Chico Buarque): olhar para aquela mulher à sua frente como se fosse a última, falar com aquela mulher à sua frente como se fosse a única e, após levar um estrondoso fora daquela mulher à sua frente, morrer na contramão atrapalhando o tráfego.
Eu não aguento mais tomar Coca-Cola, meu único vício. E, como todo vício que se preze, causa ou potencializa a obesidade, a diabetes, a hipertensão e a tosse de refluxo. Sim, eu tive tosse de refluxo, a doença da moda.
Eu não aguento mais o #sóquenão. Só que sim.
Eu não aguento mais o miserável ser chamado de pobre e o pobre ser chamado de classe média.
Eu não aguento mais tomar banho de conta-gotas.
Eu não aguento mais a molecada que nunca passou Merthiolate que arde.
Eu não aguento mais gente que te insulta, te despreza, te arrasa e se despede de você falando "um abraço".
Eu não aguento mais mimimi de quem faz piadinha com mimimi.
Eu não aguento mais tentar resolver minha vida com aplicativos.
Eu não aguento mais segregar pessoas com área VIP.
Eu não aguento mais a ostentação do lixo.
Eu não aguento mais a Geração Y, mas não adianta explicar o motivo porque eles não vão entender.
Eu não aguento mais o Big Brother. Ainda bem que ninguém mais aguenta.
Eu não aguento mais a Polícia, que faz chacina em Osasco, sai matando favelado do Rio, mas consegue prender apenas menos de 10% dos criminosos, gerando a maior crise de insegurança da população.
Eu não aguento mais a China, que cria um colapso financeiro mundial porque tem previsões de crescer “apenas” 7% ao ano.
Eu não aguento mais a corrupção, responsável direta pela nossa pobreza de recursos e de caráter.
Eu não aguento mais viver num dos períodos mais incertos da nossa história.
Eu não aguento mais os manifestantes da Av. Paulista, que gritam por avanços e provocam atrasos.
Eu não aguento mais as empresas de telefonia móvel, uma das piores e mais caras do mundo. Isso também vale para os planos de saúde.
Eu não aguento mais a moda retrô, porque quando você vai usar alguma coisa retrô, continua fora de moda.
Eu não aguento mais a bancada política evangélica.
Eu não aguento mais o Estado Islâmico.
Eu não aguento mais a Veja, muito menos quem fala mal dela.
Eu não aguento mais viver num país com baixo IDH e índice de qualidade de vida apenas mediano.
Eu não aguento mais as piadas rasteiras do stand-up comedy.
Eu não aguento mais o outro, uma muralha de incógnitas, que te abraça e te repele com a mesma frequência e intensidade.
Mas, pra falar a verdade, acima de tudo, tenho a leve desconfiança de que não aguento mais a mim mesmo.