domingo, 15 de outubro de 2017

Parece que foi amanhã

Segundo Albert Einstein, o tempo é uma grandeza relativa. E de acordo com Érico Fuks, é traiçoeira também. Por mais relógios (sim, o relógio voltou a ficar na moda), despertadores e smartphones que a gente tenha, estamos sempre atrasados para alguma coisa. À medida que envelhecemos, o tempo torna-se ainda mais caquético quanto à sua irregularidade. Uma fila de banco que demora uns 40 minutos nos traz a sensação termodinâmica de um semestre. Em compensação, as 24 horas de um feriado mais parecem o tempo de cozimento de um miojo.

Quando acumulamos essa sensação de perdas e de ganhos por um período mais prolongado, aí sim nem parece que o tempo pertence ao nosso planeta. A gente não se conforma quando vê um menino fazer bar-mitzvah, por exemplo. "Nossa, carreguei ele no colo faz uns 5 anos atrás...". Não, não faz. Ele vai completar 13 anos mês que vem. E carregar a Torá no colo também.

Há exatos 6 meses atrás, conheci uma pessoa incrível. Se parece mais, se parece menos, não sei. Ao tempo, eu me refiro. Incrível, com certeza ela é. Vira e mexe a gente relembra alguns momentos marcantes para que eles fiquem guardados em nossa história. Para que não se percam nas nuvens, na cloud, ou fiquem armazenados em algum arquivo morto ou diretório impossível de ser localizado. Essas memórias trazem de volta desde incontidas gargalhadas até aquele sorriso aberto e contemplativo de saudade.

Mas não é só o passado que nos alimenta. Estamos sempre no devir. A gente não pensa só no amanhã, como no depois de amanhã também. Fazemos planos como se o futuro fosse algo muito próximo, uma grandeza iminente que pode desabrochar a qualquer momento.


Obrigado, Paola Raia, por fazer valer a pena cada minutos desses 180 dias passados. Torço muito para que o futuro amanhã seja uma grandeza infinita, onde possam caber todos os nossos planos, as nossas vontades e o nosso amor. Afinal, parece que o mundo ainda não acabou.