quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Como Agradar uma Mulher

Tudo começa com um grupo de mulheres no vestiário, após um banho de mar. Elas reclamam da presença de água-viva na água, que deixa manchas e cicatrizes na pele. Esse é o cenário inicial. Um banho cotidiano, nada erotizado. Nenhuma beldade em cena.

O filme começa a ganhar fôlego quando a protagonista Gina, em seu aniversário de 50 anos, recebe a visita inesperada de um profissional do sexo. Trata-se de um presente enviado por suas amigas. Ao se oferecer para fazer o que ela quiser, ouve como resposta: "quero que você limpe a casa". A partir daí Gina se transforma num tipo de cafetina, que agencia serviços masculinos ao mesmo tempo domésticos e sexuais.

Guardadas as devidas proporções, o longa australiano lembra um pouco o britânico Ou Tudo ou Nada, em que um grupo masculino involuntariamente se transforma em strippers. Em ambos os casos quem domina a cena é gente como a gente. Pessoas comuns, sem grandes atributos físicos ou apelos eróticos.

Mas um ponto-chave aqui é o tratamento dado às mulheres. A diretora Renée Webster até coloca os dilemas dos garotos de programa, como por exemplo um deles que está prestes a ser pai. Porém, isso fica em segundo plano quando o foco é o universo feminino. O filme foge das questões morais, ou pelo menos não se debruça sobre elas. Simplesmente acompanha um processo de revitalização daquelas que até então eram submissas, recatadas e do lar. Tanto é que até os banhos no vestiário vão ganhando um verniz mais sensual. É como se, na teoria, o filme estivesse emoldurando um novo estilo de vida. Na prática, mais do que uma saborosa comédia de costumes, isso pode servir de ponto de partida para a emancipação feminina num patamar mais elevado da sociedade.