quinta-feira, 7 de abril de 2016

Apartamento

A crise não tá fácil pra ninguém.

Recebi um encarte de lançamento de um empreendimento imobiliário falando que, ao visitar o stand de vendas, eu ganharia um relógio. Não precisaria comprar nada, nem dar sinal. Era só visitar o local, falar com o corretor e retirar o brinde na saída.

Meu interesse pelo produto era, digamos, mediano. Mas, como era perto de casa e tinha o atrativo do aparato de pulso, lá fui eu. Cheguei lá, comi uns salgadinhos, prestei atenção na maquete como aluno de excursão presta atenção em bicho pré-histórico de museu, fiz algumas perguntas com cara de conteúdo, deixei meus dados de contato e saí com meu presente.

Pensando com um pouco mais de parcimônia, declinei da compra. Mas você sabe como é. Uma vez transmitidos seus contatos a um corretor, ali pra todo o sempre eles ficam. Não só a pessoa que te atendeu diretamente no dia, mas eles repassam seus dados a outros corretores.


Fui recebendo telefonemas, e-mails, spams e SMS de outros empreendimentos. Demonstrei desinteresse em todos. O último veio por WhatsApp. Imaginei se tratar de uma pessoa com mais experiência no ramo - e mais idade. Assim como a pessoa que me atendeu no local. Curioso, abri a foto e me deparei com uma gatíssima, tatuada, cabelos longos, lábios bem delineados. Ainda que sua beleza dividisse opiniões, resolvi responder a mensagem. Parti para metáforas que nada tinham a ver com a opção de compra. Falei da área útil, do playground, da hidromassagem e, quem sabe, do jantar à luz de velas na varanda gourmet. O retorno, é claro, foi nulo.


Pelo menos de uma coisa eu sei. Agora são, exatamente, 16h47.

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