domingo, 18 de maio de 2008

Congestionamento virtual

Tô cada vez mais cansado e impaciente com o trânsito de São Paulo. Não, não me refiro aos mais de 6 milhões de automóveis andando a passos de tartaruga e entupindo as vias arteriais e asfálticas da cidade. O meu estado possesso refere-se a uma questão indelicada, que fere a ética e o bom senso. Não existe mais vaga para eu estacionar a flechinha do meu mouse nos grandes portais do ciberespaço. A cada milimétrica movimentação surge, de modo às vezes inconveniente e inoportuno, a clicável mãozinha. Se um dia os filhotes de Bill Gates nos prometeram que a Internet seria o caminho mais fácil e democrático para a liberdade de escolha, onde está então a conquista desse direito? Em vez de notarmos um movimento que vai cada vez mais ao encontro das tendências e necessidades do internauta, vemos, em alguns casos isolados mas não menos insuportáveis, a prática espertinha de se tentar fugir dos bloqueadores de pop-up e demais ferramentas de segurança oferecida pelos browsers. Se a propaganda vale-se de sua qualidade única e inquestionável de despertar a curiosidade, de modo criativo e diferenciado porém respeitoso para gerar negócios, por que então um monte de pentelhos ficam azucrinando nossa navegação? Ninguém liga a TV para assistir aos comerciais, isso é fato. A propaganda é uma espécie de interferência ou interrupção do propósito inicial do consumidor em potencial. Mas nesse engavetamento caótico virtual que se transformou a web, tem neguinho acando que chamar a atenção é furar fila, falar mais alto que os outros, fazer o buzinaço em plena nova ponte de Água Espraiada totalmente parada. Quase que eu aciono o PROCOM quando havia no meu portal principal de navegação um banner, que conseguiu escapar ileso e incólume das estacas virtuais, que espalhava um monte de letrinha por toda a tela, impedindo a boa leitura e a escolha criteriosa dos demais links. Hoje é quase impossível achar o "xisinho" que fecha essa janela comercial. Isso sem falar nos constantes "banners-persiana", aqueles que depencam sobre a tela quase cheia quando você simplesmente escorrega neles. É dessa maneira que as grandes empresas vão conseguir me convencer a comprar seus produtos? Muito pelo contrário. A única coisa que esses malas que se acham "modernos" conseguiram foi encabeçar minha lista do ódio. Woody Allen é franzino, Paulo Francis também foi. Caetano Veloso é magérrimo. Quando há bom humor e inteligência, não há por que fazer força para aparecer. Na Internet, infelizmente, tem muita gente querendo ser Elke Maravilha.

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