sábado, 11 de julho de 2009

Jackson, é óbvio

Quando ouvi a faixa cover Black or White do CD ao vivo do McFly, RadioActive Live in Wembley, pensei se tratar de uma puta coincidência. Afinal, o disco foi lançado aqui faz pouco mais de um mês. Premonição? Não creio. Se fosse, tal atitude mediúnica também deveria ser atribuída ao Fall Out Boy, que colocou Beat It como faixa bônus de seu último trabalho, também lançado este ano, ou até mesmo a esquisitíssima versão de Billy Jean que o ex-grunge Chris Cornell fez em carreira-solo há dois anos. No mundo do rock, atualmente, não sei por que cargas d’água é comum fazer versões de bandas ou artistas prestes a cair no esquecimento; nem tão recentes, para não parecer chupinhação descarada, nem tão antigos, pro disco não ficar com aspecto de obsoleto. Mas estes três exemplos contemporâneos dão uma boa ideia de como Michael Jackson estava sendo visto no universo da música pop. As dívidas do mito eterno não deixam dúvidas de que o astro já não era assim tão lembrado pelos seus fãs, o que estava se refletindo diretamente na vendagem de discos. Estes três grupos citados estavam apenas no seu papel de fazer o que a indústria fonográfica sabe fazer muito bem: reciclagem. A banda inglesa McFly talvez tenha dado mais sorte, por fazer o tributo em data tão próxima à morte do ídolo, o que talvez possa contribuir para o aumento de vendas do CD/DVD. Mas essa sincronicidade toda, creio eu, está longe de refletir poderes psíquicos paranormais dos conjuntos atuais. É mais uma remodelagem necessária ao ostracismo que os mecenas do rock evocam, que só ganha ares de reviravolta quando alguém vem a faltar nessa ciranda capitalista.

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