domingo, 4 de outubro de 2009

Tirania estética

Cá estou eu novamente a falar de um comercial de cerveja da marca Schin. Melhor pra eles; falem mal, mas falem de mim. Antes uma empresa que impõe conceitos sem medo de errar a uma empresa acomodada, que só veicula apostas seguras. Trata-se de um comercial de um jovem comum, desses que trabalham em um escritório comum, e que se submete cegamente aos mandamentos de uma voz em off pra ficar com uma melhor aparência e, portanto, conquistar as mulheres. Por trás de uma suposta filosofia de vida democrática “seja você mesmo” existe uma falsa premissa. Ao trabalhar com a ironia para mostrar que toma partido do lado oposto, o filme-fariseu apenas reforça a ideia de que os homens têm total liberdade para se lixarem para o seu físico. Nesse sentido, redunda estereótipos ao invés de combatê-los. Sim, o franzino protagonista ficaria ridículo se fizesse bronzeamento artificial, mudasse o corte de cabelo, entrasse em uma academia. Afinal, o típico bebedor de cerveja, tal qual o concebemos, gordo e careca, não pode se submeter a essas déspotas regras sociais. Mas esse liberalismo estético, no filme, só é concedido aos homens. A mulher, que aparece somente no final, e num ângulo notadamente machista, não recebe essa alforria. Ou seja, a cerveja Schin, escancaradamente dirigida ao “sexo forte e macho”, oferece ao desleixado portador de testosterona a oportunidade ilusória de, sem precisar fazer qualquer tipo de esforço físico que não seja o de esvaziar um copo goela abaixo, conquistar o par de pernas torneadas do escritório. Bem como qualquer outro tipo de comercial do gênero.

Um comentário:

Unknown disse...

Pô, Erico, a voz of é só a última, da mulher, que não gosta de homem peludo. E ele não faz para agradar mulheres, já que nas primeiras, são homens que falam em cena (e não of) que ele está careca, barrigudo.
E ele não vai para a academia por causa da barriga, coloca uma cinta modeladora.