segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

2015

2015 foi pra mim como 2015 foi pra todo mundo: um ano de déficit. Aquela sensação tardia de que perdemos por 7 a 1. Fomos derrotados na área econômica, na área política, na área cultural. Demos um vexame danado em comportamento nas redes sociais (ou seria antissociais?), nas manifestações e passeatas, no modo de encarar o outro, de conviver com quem pensa diferente de você. Ocupamos uma das últimas posições do ranking num ano marcado pela intolerância. Mostramos que, como ser humanos, ainda estamos engatinhando no que diz respeito ao processo de cidadania e seus aprendizados. Ainda estamos na barbárie e, sem dinheiro, nosso vandalismo aumenta exponencialmente.
Falando sobre mim, em 2015 tive prejuízos incalculáveis no campo psicológico. Deixei de fazer um monte de projetos pessoais, com as desculpas de sempre: falta de tempo, desânimo, falta disso, falta daquilo. Acabei me acomodando. Termino meu relacionamento com a terapia, depois de 3 anos, não porque me dei alta, mas por achar necessária a ruptura temporária. O fim de um ciclo. Graças a Deus (embora eu seja um ateu convicto), no campo profissional eu continuo empregado e gozando de uma certa estabilidade. Mas é complicado garantir o leitinho das crianças e, na hora de comprar esse leitinho das crianças, constatar que a padaria de bairro fechou. Não tem como passarmos incólumes por essa crise, mesmo que ela não nos afeta diretamente. O mercado empobreceu, as pessoas estão mais deprimidas, esse quadro é jogado na nossa cara todos os dias.
No campo afetivo, conheci várias mulheres, das mais diversificadas maneiras: encontros virtuais, encontros reais, sites de relacionamento, aplicativos, comunidades virtuais, apresentação de amiga da amiga, macumba, Pai de Ogum. Fiz grandes amizades. E percebi muitas, mas muitas incompatibilidades. Tive um ano intenso mas, entretanto, contudo, todavia, poucas histórias pra contar. E raras, raríssimas, parcas e escassas mulheres com quem acordei no dia seguinte. Dá pra contar nos dedos. Da mão do Lula. O que me faz concluir que talvez o problema seja delas, talvez o problema seja meu ou talvez desses aplicativos que nos ensinam equivocadamente que tá fácil arrumar alguém. Vejo pessoas ao meu redor que não desgrudam do WhatsApp quando, na verdade, nunca estiveram tão sozinhas.
E por falar em Lula... lembro que eu andava com estrelinha do PT cravada no sobretudo preto quando ia ao Madame Satã, na época da faculdade. Fiz um vídeo convocando meus colegas neoliberais a votar no PT. Acreditei nesse plano de governo, nesse projeto de país, nesse sonho de brasileiro. Um sonho que se acordou com Mensalão, Lava-Jato, dinheiro na cueca, delação premiada, senador preso. Caímos da cama. Caímos em tudo quanto é tabela. Caímos na credibilidade dos países desenvolvidos e das empresas que queriam investir na gente.
Pra completar, em 2015 perdi muitos amigos. Pessoas que se deram conta de que nossas afinidades se perderam. Que perceberam que nossas convicções aumentaram o vão das nossas diferenças. Deixei escapar muita gente que se incomodou com minha maneira de pensar, de falar, de se expressar pro mundo. Em compensação, ganhei muitos outros. E solidifiquei amizades até então um pouco mais tênues. Criei quase que um fã-clube de admiradores das minhas atitudes. E sou grato a esses amigos. É com eles que eu entro em 2016. Uma jornada que, muito bem sabemos, não vai ser nada fácil.


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