quinta-feira, 26 de abril de 2018

Professor bom é professor sujo


Hoje praticamente tudo se aprende por conta própria no Google. O resto nos é ensinado por professores em auditórios tecnológicos, com recursos multimídia e direito a coffee break. Aquele professor vestindo um impecável Armani, microfone de lapela e caneta laser pra apontar em sua apresentação Power Point os principais tópicos do conteúdo de seus conhecimentos técnicos. Tudo muito bonito, muito clean e muito caro.

Mas bom mesmo era o professor de antigamente. Aquele propedeuta que andava com o cabelo bagunçado e cheio de caspa pra evocar Einstein. Usava a camisa polo de todos os dias, que nunca ornava com o sapato gasto e de cadarço, frequentemente desamarrado num pé. Em seu pescoço, estava pendurado o óculos de grau, utilizado somente para leitura. Professor que urrava com a alma, passava todo o exercício do seu saber na base do gogó e ficava rouco pelo menos 1 vez por semana. Circulava sempre com as mãos sujas de giz, que emporcalhavam o avental branco com uma coloração mista de amarelo, laranja e carmim. Um avental levemente amassado, com os bolsos bem cheios, e a gente não sabia se eram preenchidos por questões da prova, calculadora ou a metade sobrante de um pão com mortadela. Aquele sim, era professor de verdade. Que suava, que sangrava e que fazia a gente aprender.


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