domingo, 27 de fevereiro de 2022

Passagem Secreta

Difícil imaginar como Passagem Secreta possa ter sido bem recebido no último Festival de Tiradentes. Talvez tenha sido apenas uma enganosa estratégia de marketing para sua divulgação. O evento costuma abraçar trabalhos mais autorais, com amplo espaço para experimentalismos e exercícios estéticos fora do convencional. Não é o caso deste longa dirigido por Rodrigo Grota, que percorre um caminho bem didático em sua narrativa. Uma escolha perigosa, justamente por tentar alcançar terrenos mais seguros.

A história fala de Alice, que precisou se mudar para uma cidade pequena e, ao chegar, começa a morar com o tio. Lá, acaba fazendo um novo grupo de amigos e encontra um portal mágico em um parque de diversões. Ao invadir o parque em uma brincadeira para salvar um colega, Alice descobre segredos sobre sua identidade.

Embora tenha como inspiração o universo imaginativo, Passagem Secreta carece de soluções criativas. Tudo é muito duro, esquemático, gerando pouca graça e interesse. Fica muito clara a dificuldade em dirigir o elenco mirim, que olha para a câmera com suas frases decoradas como se estivesse num teste de comercial para a TV. Derivações de Crônicas de Nárnia e Castelo Rá Rim Bum podem até ser bem-vindas, mas é preciso tomar um certo cuidado. Passagem Secreta prova que existe um grande abismo entre o roteiro bem intencionado e a realização de uma obra. Aqui, a sensação que fica é de uma cópia genérica de D.P.A.


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