segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Bad Boys Para Sempre

A terceira parte da franquia tem cara e gosto de encerramento. Nem tão vazio e melancólico quanto um fim de festa. Mas pensar em uma continuação a partir daqui pode fazer transbordar um copo cheio.

É mais um filme tipicamente norte-americano de dupla policial. Um deles sangue-nos-olhos querendo fazer justiça e outro que não vê a hora de se aposentar. Geralmente, a diferença etária faz esse contraponto. Aqui, não. Ambos já passaram dos 50. Um deles, notadamente fora de forma. O outro, achando que ainda pode encher os bandidos de porrada e depois exibir seus músculos. E a câmera não faz questão nenhuma de esconder esses atributos físicos de um dos atores mais bem pagos de Hollywood.

Já não temos mais Michael Bay, que dirigiu o prólogo de maneira bem visceral e parecia ser promissor. Quem cuida agora do ofício é a dupla belga Bilall Fallah e Adil El Arbi. Até a primeira metade, parece ser um filme genérico feito por encomenda. Mas depois, ganha seu brilho próprio. Menos violento que o progenitor, porém mais cômico que ele. Bay não fez falta.

O segundo filme é do começo dos anos 2000, mas Bad Boys Para Sempre traz muito mais do primeiro, de um quarto de século atrás. A aura é anos 90. As matizes são anos 90. A música que toca na casa noturna é uma versão repaginada de Rhythm of the Night. O cinema estadunidense pede essa volta noventista, como se fosse a indústria em flashback.

Só que 25 anos se passaram. Praticamente uma geração que nunca ouviu falar em conexão discada e acha que Nirvana é um clássico do rock. O filme tenta se aproximar desse público millennial mostrando exatamente o envelhecimento dessa década. Smith e Lawrence estão exageradamente fora de seu tempo. E o filme escancara essas personas esmaecidas de maneira habilmente risível. Insiste, ainda que no exercício da metalinguagem, nos elementos que traduzem essa falta de frescor. O refrão da música-tema cantado pela nova geração. A obesidade de Lawrence. É como se Fallah/Arbi estivessem contando uma piada duas vezes. Só Seinfeld tem autoridade pra fazer isso.


3 lentilhas

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