sexta-feira, 9 de setembro de 2022

O Próximo Passo

Este novo filme de Cédric Klapisch poderia muito bem se chamar De Volta ao Albergue. Lançado no circuito brasileiro imediatamente após seu filme anterior, De Volta à Borgonha, o diretor retoma algumas características que marcaram seus primeiros trabalhos, notadamente Albergue Espanhol, e que foram mais ou menos abandonados no penúltimo filme. 

Na primeira cena, temos a impressão de nos depararmos com um majestoso tributo à dança, algo peculiar na filmografia de Carlos Saura, por exemplo. Mas o anticlímax aparece logo em seguida. Elise, uma jovem e promissora bailarina clássica, se machuca em uma apresentação após flagrar a traição do namorado. Essa ruptura do tornozelo serve também de metáfora para a quebra do ritmo que o diretor impõe ao seu trabalho. Dali em diante, surgem situações que nada lembram a beleza coreográfica de um baile: laudos médicos, conflitos pessoais e, principalmente, a busca pela resposta sobre um novo rumo na vida da personagem, algo que inspira o título.

É nesse momento que Klapisch volta às suas origens e mescla o individualismo existencialista de seus personagens com o coletivismo do convívio em grupo. Em Albergue Espanhol, essa marca era muito gritante Aqui, um pouco mais sutil. O retiro de Elise, que coincide com um espaço de ensaios de um grupo mais jovem, é a prova disso. É no intercâmbio das relações pessoais que o diretor encontra sua força e a medida certa para fazer um filme simples e ao mesmo tempo denso.


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