sexta-feira, 18 de novembro de 2022

A Conferência

Em 1942, representantes de alto escalão do regime nazista alemão se reuniram em uma vila no sudoeste de Berlim para uma pauta que ficou conhecida como a Conferência de Wannsee, talvez a mais terrível da história. Eram 15 líderes da SS e da burocracia ministerial, convidados por Reinhard Heydrich, chefe da polícia de segurança, para discutir a "Solução Final para a Questão Judaica".

Apresentado dessa maneira, fica claro que o assunto é de máxima importância. Poucos filmes se debruçaram sobre o tema. A maioria dá um enfoque nas consequências desse ato e coloca como espaço cênico os campos de concentração nazistas.

Porém, trocar esse cenário por algo menos espetaculoso, como uma sala de reuniões, e fazer um filme quase em tempo real, abrindo mão das elipses cinematográficas, é uma missão de alto risco. Não que o resultado seja necessariamente curto e limitado. As duas versões de Doze Homens e uma Sentença para o cinema, por exemplo, são maravilhosas.

A Conferência, por outro lado, esbarra num processo de construção narrativa extremamente complexo e moroso. Tudo se imprime de modo muito árduo, rígido, didático. Não existe um respiro. É como se, em cada fala, se extraísse ao máximo um pedaço da história. Isso tem lá seu valor. Mas, analisado como um todo, o filme melhor se encaixa num livro do que numa tela.


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