terça-feira, 24 de setembro de 2024

Proibido a Cães e Italianos

Não se deixe enganar. Não é porque se trata de uma animação que o filme é voltado ao público infantil. Proibido a Cães e Italianos, "animassinha" do diretor Alain Ughetto, se passa no início do século XX, no norte da Itália, em Ughettera, berço da família Ughetto. Com a vida muito difícil, os Ughettos sonham em começar tudo de novo no exterior. Mesmo diante das dificuldades enfrentadas na sua terra natal, Luigi (avô do diretor) ousou atravessar os Alpes e começou uma nova vida na França, em busca de uma vida melhor na mítica La Métrica.

O título é uma referência a uma cena que mostra a restrição a frequentadores num bar da cidade. Só esse trecho já resume toda uma sociedade movida a preconceitos, em que cidadãos tornam-se inimigos de guerra. Mas o filme não se prende a dissecar muito sobre os valores do conflito. Apenas mostra.

É essa linguagem sintética e simultaneamente poética que constrói a narrativa. Tudo é muito simples - e ao mesmo tempo, por que não dizer, contundente. Como não se trata de um filme "pra criança", aqui se apresenta a miséria, a pobreza. Mas de uma maneira menos didática e discursiva.

A beleza e sensibilidade de Proibido a Cães e Italianos recai justamente nessa concisão quase minimalista. Esse recurso de animação, que traz a nostalgia de um outro tempo de se fazer filmes, é bem-vindo não para vangloriar o saudosismo, mas para valorizar emoções humanas fora das linhas da computação gráfica.


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