sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Muda ou não muda?

Atualmente, trabalho numa agência de endomarketing e campanhas internas. Nosso principal cliente é o banco Itaú, que tem como slogan de campanha, em todas as esferas e para todas as disciplinas do marketing, a frase “O mundo muda. E o Itaú muda com você”. Para ilustrar esse conceito, foram escalados diversos perfis de público, reforçando a base teórica de que o mundo de hoje é diferente do mundo de ontem. Os nerds que assumiram os principais cargos das empresas, as pessoas se conectando e interagindo em qualquer lugar do planeta, o efeito-estufa e a vocação para a reciclagem, a sustentabilidade como plataforma de gestão e discurso de campanha, a linguagem cada vez mais visual e menos verbal, os emoticons, as diversas gerações frequentando shows de rock, tudo isso.

Em contrapartida, tem um outro comercial no ar, do novo Fiat Palio, que segue o caminho inverso ao afirmar que, desde os tempos de Adão e Eva, o mundo não mudou tanto assim, com exceção do automóvel propagado. É um túnel do tempo ao contrário, mostrando diversas situações de rompimento das relações entre casais. As mesmas desculpas.

Num mundo que se vangloria de mudar a cada instante, como se o hoje diferente do ontem fosse a única forma de mensurar o progresso e a transformação, tendo a acreditar que, de fato, quase nada mudou na nossa história. Não tenho orgulho disso não, muito pelo contrário. Acho frustrante constatar que ainda somos medievais no que diz respeito às formas de governo, às maneiras de a sociedade se organizar e se relacionar, ao comportamento humano. Mudanças consumistas, que provam que o iPad 2 é totalmente diferente e revolucionário em relação ao iPad pioneiro de mercado, é claro que existem. Mas essa é uma constatação epidérmica e paliativa. Na essência, o ser humano é estanque. Fatos históricos praticamente se repetem. E não creio que seja a velocidade das informações ou os avanços tecnológicos que irão trazer essa real percepção de mudança. Essa visão é conveniente para quem detêm o mercado. Mudança concreta, significativa e verdadeira, nem daqui o lançamento de 10 gerações de automóvel.

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