quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Coisas que me emputecem


Hoje tá um ótimo dia pra reclamar da vida:
1)     Está chovendo forte. Você espera a chuva passar. Ela passa. Até você descer do elevador, se despedir de todo mundo, na hora em que sai pra rua a chuva volta, mais forte ainda. Torrencial. Você se lembra... de que esqueceu o guarda-chuva. Fica ensopado. Entra aonde precisava chegar. Um minuto depois, a chuva para.
2)     Você faz uma pergunta pra alguém. De múltipla escolha. Espera como resposta uma das alternativas apresentadas. Por exemplo: “Você gosta de bife mal passado ou bem passado?”. E a pessoa responde: “Isso mesmo”.
3)     O motorista do Uber acha que você é o psicanalista dele. Ele desabafa, conta toda a sua vida, os seus problemas. Você só ouve. Como um bom psicanalista. Só que, no final, quem paga a consulta é você.
4)     Pessoas que resolvem almoçar juntas. Todas elas, da firma inteira. Forma-se um bloco de 14 indivíduos na calçada. Eles é que determinam a velocidade média dos transeuntes. Não deixam ninguém ultrapassar. Estão todos felizes, rindo muito. E bloqueando a passagem dos demais. Como se fosse um bloco de micareta.
5)     Gente
que
escreve
assim
no WhatsApp
6)     O valor da oferta anunciada na gôndola do produto no supermercado nunca coincide com o valor registrado no caixa.
7)     Ainda no supermercado. A pessoa na sua frente da fila repetiu de ano em Matemática. Puxa um carrinho abarrotado de mercadorias, debaixo da placa onde se lê “máximo 10 volumes”.
8)     Você vai ao banco. Pega a senha. Número 322. Vê no painel a última pessoa que foi atendida: 275. Sabe que vai demorar pa-ra-ca-ra-lho. Dá tempo de ler todos os livros do Tolkien. Aquele vidro fosco que divide os caixas e os clientes foi criado pra você não conseguir enxergar quantos funcionários estão atendendo. Depois desse trajeto Rio-São Paulo de ônibus, avista o número 321 no painel. Pega seus boletos e prepara-se psicologicamente pra ser o próximo. Painel apita o número P014. Preferencial. A velhinha que acabou de chegar, mesmo com seu andador, consegue te ultrapassar.
9)     Loja de roupas campo-minado. Você está do lado de fora, olhando a vitrine. Assim que encosta na primeira lajota do piso interno, explode um vendedor ao seu lado: “Bom dia em que posso ajudar tá procurando algo específico aproveita nossa promoção dá uma olhada nos outros modelos sem compromisso”.
10)  A mesma lógica. Só que ao contrário. Você entra na loja, espera ser atendido, e nada. Procura você mesmo as roupas, consulta você mesmo os preços, revira você mesmo as pilhas de camisetas, e ainda assim nada. Entra no provador, sai de lá, usa seu braço de cabide, dirige-se ao caixa. Sozinho. Do começo ao fim, você é o meme do John Travolta.
11)  Situação parecida. Desta vez, no restaurante. O garçom finge que não te vê. Você levanta a mão e faz um breve aceno. Ele desvia o olhar. Levanta o braço um pouquinho mais, tentando chamar outro garçom. Ele também finge que não te vê. Você estica ainda mais o braço, tentando alcançar o lustre, pra ver se São Pedro consegue te enxergar e providenciar uma atitude divina. Só que a coisa é muito sincronizada lá dentro. Todos os garçons combinam entre si de te ignorar solenemente. A não ser na hora de trazer a conta e cobrar os 10%.
12)  Continuando no restaurante. Por quilo. Você está se servindo. A pessoa atrás de você tem pressa, muita pressa. Parece o Coelho Branco da Alice no País das Maravilhas. Toda hora encosta a bandeja no seu cóccix. Tá bufando. Pega qualquer coisa e joga de qualquer jeito no prato. Em compensação, a pessoa à sua frente tem toda a calma do mundo. Faz todo um processo seletivo para cada folha de alface. Escolhe minuciosamente cada ervilha como se fosse um gemologista. Despeja no prato os grãos de feijão por unidade.
13)  Escada rolante. As pessoas à sua frente acham que o aviso “deixe a esquerda livre” é mera panfletagem política.


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