terça-feira, 3 de junho de 2025

Memórias de um Caracol

Quando a animação australiana Mary and Max estreou, em 2009, deixou uma marca de saudade e gostinho de quero-mais. São raros os exemplos do gênero que abordam temas sombrios, como a obesidade e a solidão. Não é a Disney que costuma se arriscar e embarcar no tragicômico. São essas características que trouxeram singularidade ao filme.

Memórias de um Caracol, candidato ao Oscar de Animação deste ano, segue na mesma linha. O diretor Adam Elliot trocou o preto-e-branco do supracitado e trouxe cor. Entretanto, manteve a técnica stop-motion, um respiro à parafernália digital que invade as telas. E, principalmente, preservou traços autorias que resultam em reações da plateia entre o riso contido e o choro profundo.

O filme já começa em um leito de morte. Grace Pudel, uma garota solitária que coleciona caracóis ornamentais, assiste à passagem de uma idosa que ficou sua amiga, a Pinky. A partir daí, solta dos vidros os tais moluscos gastrópodes e resolve se abrir com eles. É essa narração em flashback que funciona como o fio condutor da história.

Memórias de um Caracol é uma rara espécie que finge fugir da realidade, mas cada vez mais se aproxima dela. Obrigatório pra quem tem um apreço ao humor negro, sem abrir mão da sensibilidade.


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