terça-feira, 19 de agosto de 2008

Gramado ou tapete?

Foi tão notória quanto necessária a presença da minha mãe no último Festival de Gramado. Ela não só fez parte do Júri Popular, como também foi fotografada, foi assediada, foi entrevistada e, se não me engano, modéstia inclusa, ofuscou algumas celebridades emergentes. Ontem (segunda-feira), saiu novamente matéria no Caderno 2, em entrevista concedida ao Merten, na qual ela colocou em questão o lado fanfarrão e tapete-vermelho do evento. Uma espécie de Oscar brasileiro, dada a quantidade de holofotes, autógrafos, bochichos e demais badalações inversamente proporcionais à qualidade dos filmes em competição. Mas isso tudo já era sabido. O festival de lá promove o clima frio e seco, o chocolate, os batons e vestidos, mas pouco leva em consideração a Sétima Arte. Tanto é que alguns cineastas boicotam o evento e guardam seus rolos para apresentar em festivais mais "sérios", como São Paulo, Rio, Brasília, Recife e Fortaleza, entre outros. Claro que a organização do festival foi impecável. Claro que guardo uma certa inveja, dada minha impossibilidade de comparecer a esse show de notoriedade no vascão. É como se fosse a perda da virgindade. Depois que minha mãe conheceu a maratona cinematográfica do Rio de Janeiro, não largou mais. Ainda não é certo se essa overdose sulista se repetirá nos próximos anos. Mas o saldo dessa experiência foi bastante positivo. Mesmo que esse descabacismo tenha se dado com o lado fútil e efêmero dessa arte que abriga Lázaro Ramos e Grande Otelo.

Nenhum comentário: