terça-feira, 19 de agosto de 2008

Ilusionismo

Quem me conhece mais a fundo sabe que não sou muito chegado a esportes. Mas, com tanta matéria e destaque para as Olimpíadas, inclusive recorrentes interrupções na programação cultural normal, vou deixar aqui meus lacônicos comentários. Foi legal isso tudo sobre Beijing, continuamos sem conhecer o outro lado do mundo, fomos mais uma vez massacrados com os estereótipos da informação, nada se falou sobre o movimento de emancipação do Tibete. E aquele show de falsidade ilusionista comprova que, independentemente das posturas e convicções ideológicas, independentemente do estado emergente ou não da economia, o mundo aplaude cada vez mais o espetáculo. A pirotecnia previamente filmada, a menina cantora que não cantava, tudo muito fílmico, fantasioso e esquizofrênico. Desconfio até que aquele tal de Phelps, aquele chester aquático, é cria de laboratório. Não existe no mundo real, nas ruas urbanas, não compra jornal, não vai à padaria, não anda de metrô. Outra enganacionice, claro, foram os brasileiros. A gente até torce por eles, mais por compaixão do que por esse sentimento patriótico hipócrita. Eles não são Ronaldinhos, não são patrocinados por marca de tênis e, portanto, mesmo tendo a família barrada de entrar nos estádios, merecem nosso contido apreço. Mas, trazer ouro para as nossas divisas que é bom, nada. Morrem na praia. Que pena. Esse é o verdadeiro ranking do Brasil: tímido, sufocado. Virtual demais para fazer com que as Olimpíadas 2016 na Rocinha do Rio de Janeiro se tornem uma realidade iminente.

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