segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Bye, Charles

O pub/bar Charles Edward, na Juscelino, nasceu junto com a explosão do Itaim-Bibi e da Vila Olímpia. Foi erguido dentro do processo de proliferação de bares, danceterias, points e baladas dos endinheirados que escolheram o Vale do Silício para ostentar sua riqueza e sua modernidade. Posteriormente, acompanhou o repentino levantamento de prédios e mais prédios na região, que aos poucos foi mudando seu foco e se sedimentando como uma área mais business. Resistiu bravamente ao desmanche, façanha que diversos congêneres não conseguiram: Dado Bier, Valle Sport, Cervejaria Continental, entre outros. Durante um bom período, Charles Edward era o single, o único bar de paquera que destoava diante de tantos espelhados e emergentes arranha-céus que, num interminável duelo titânico, brigam pelo espaço que não era deles. Mas parece que não teve jeito. A sua cor meio Johnny Walker marrom-avermelhado e amarelo-claro estava fora do contexto das betoneiras e da constante poeira de calcário. A placa vende-se, afixada no tapume de um vácuo ao lado, é o seu grito agonizante. Nosso Carlos Eduardo não será mais o responsável pelos uísques que abordam as caipirinhas, pelos casamentos arranjados, pelo namoro do dia seguinte, pelo você é a mais linda do mundo ou a gente tem tudo a ver. Em seu lugar, entra de plantão o ascensomídia e seus botões informatizados, estabelecendo um diálogo por meio de bipes com a comunidade yuppie que encontrou outra cercania para encher a cara.

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