quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Zoológico chato

A fauna brasileira já foi protagonista de campanhas publicitárias memoráveis. O cachorrinho da Cofap, a formiguinha da Philco, o caranguejo da Skol, são alguns exemplos bem-sucedidos que entraram pra história da Propaganda. Mas hoje, não sei se por oportunismo, preguiça mental ou confusão de conceitos, estão martelando esta mesma tecla para expor uma idéia desgastada. E a bola da vez é o macaquinho. Se você comparar três comerciais recentes, vai perceber que tudo é muito parecido, que tudo gira em torno de um mesmo processo criativo. Todos eles se utilizam de um efeito youtubesco por sua tosquice para trazer algo supostamente inusitado, ou seja, os micos fazendo movimentos um pouco mais parecidos aos dos seres humanos. O comercial do Palio Adventure, infeliz pelo seu efeito nonsense, traz a música e a dança como forma de cativar o nerd que foge das metrópoles. A campanha do uso consciente do etanol é um pouco mais adequada à sua proposta, já que apresenta a farra dos bichanos num primeiro momento e o tratamento VIP dodo ao motorista num segundo momento, ilustrado pela limpeza do pára-brisa do automóvel. Um pequeno avanço em relação a essa onda de imagens da modinha, que não se pretendem se cercar de significados e de justificativas. Mas nada extraordinário se comparado a tantas outras campanhas que colocam o Brasil numa posição privilegiada na Propaganda. Já o terceiro filme, a que assisti ontem à noite, é uma aberração só. Um garoto atrapalhado cai num bueiro do zoológico porque está com fome. Um desperdício criativo para vender cup noodles (aquela gororoba, aquele miojo de copão). Se você fizer um exercício de apagar do filme o produto, a marca e a estratégia de vendas, vai achar que se trata de três versões de um mesmo filme. Setor globalizado é isso: o compartilhamento dos iguais. Idéias em códigos de barras. Marcas que caem no precipício do esquecimento. Pena que a criatividade sincera que no passado colocou o Brasil em patamares melhores seja uma espécie em extinção.

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