segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Baby Love

Acaba de nascer uma modalidade de repartição cinéfila, a meu ver, um tanto quanto bizarra: a sessão materna. Tanto o Arteplex Frei Caneca quanto o Bristol foram pioneiros em São Paulo ao adotar esse filão, diariamente, por volta das 14h. As salas foram devidamente adaptadas para acomodar confortavelmente as lactentes e os bebês chorões: ar condicionado em temperatura mais branda, volume de som mais baixo, luzes laterais acesas durante toda a projeção, babás de plantão no lugar da brigada de combate a incêndio, etc. Só faltou o campo de golfe (vulgo regurgitódromo). Fico imaginando como seria a composição da bonbonnière: super combo com 1kg de papinha Nestlé e 2 copões de Coca-Cola com leite quente dentro, festival de sopa de mingau, e por aí vai. Colher em formato de aviãozinho grátis. É certo que os recém-casados fogem da vida social ativa e deixam de fazer várias atividades que costumavam fazer quando solteiros, e essa iniciativa é uma maneira de fazê-los voltar aos poucos ao roteiro cultural da cidade. Mas não deixa de ser esquisito. Se eu já me incomodo com a presença de crianças pequenas na sala, aquele barulho todo, imagina uma sessão dedicada aos falantes e berrantes, em que os progenitores não conseguirão assistir ao filme sossegados porque deverão dar mais atenção às suas crias. Lembro que minha primeira experiência cinematográfica foi traumatizante: aquelas cores em movimento, a dimensão daquele pano alto na minha frente, imagens que eu não conseguia abstrair, enfim, incompreensão total. Acho que eu não estava preparado para adentrar esse estranho universo. Mas isso foi nos tempos de antanho. Hoje, com chocalhos e caixinhas de música, vai ser fácil, fácil os rebentos apreciarem o remake de Violência Gratuita.

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