quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Bárbaros

Na primeira noite eles se acampam nos quarteis

Vestem-se com a bandeira da pátria

Cantam o hino para os pneus

Bloqueiam ruas e estradas

Insultam as instituições debaixo da chuva fina

E nós não fazemos nada.


Na segunda noite eles invadem o Congresso

Sobem a rampa da democracia com paus e pedras

Destroem a moralidade

Esfaqueiam o Di Cavalcanti

Cortam a cabeça do Brecheret

Dão um golpe fatal no Krajcberg e no Estado

Sangram um cavalo

Mostram suas caras

Mostram suas bundas

E a Polícia não faz nada.


Até que na última noite

O mais frágil deles

Em nome de todos os fracos e covardes

Fala em liberdade

Chora suas doenças

Grita em nome das mães, dos velhos e das crianças

Esconde sua vergonha

Apaga seu rosto das notícias

Aniquila seu caráter

Enterra sua dignidade

E, com as algemas nos punhos e a vacina no braço,

Já não pode fazer mais nada.


Nenhum comentário: