Na primeira noite eles se acampam nos quarteis
Vestem-se com a bandeira da pátria
Cantam o hino para os pneus
Bloqueiam ruas e estradas
Insultam as instituições debaixo da chuva fina
E nós não fazemos nada.
Na segunda noite eles invadem o Congresso
Sobem a rampa da democracia com paus e pedras
Destroem a moralidade
Esfaqueiam o Di Cavalcanti
Cortam a cabeça do Brecheret
Dão um golpe fatal no Krajcberg e no Estado
Sangram um cavalo
Mostram suas caras
Mostram suas bundas
E a Polícia não faz nada.
Até que na última noite
O mais frágil deles
Em nome de todos os fracos e covardes
Fala em liberdade
Chora suas doenças
Grita em nome das mães, dos velhos e das crianças
Esconde sua vergonha
Apaga seu rosto das notícias
Aniquila seu caráter
Enterra sua dignidade
E, com as algemas nos punhos e a vacina no braço,
Já não pode fazer mais nada.
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