sexta-feira, 28 de março de 2008

Encontramos nosso Maradona

Triste acompanhar a situação do ex-craque Casagrande. Escondido da mídia, internado em clínica para se tratar da recuperação das drogas, afastado da torcida. Enquanto sua pele e sua fama vão definhando, alguns torcedores das antigas devem estar se perguntando, num silêncio que mistura curiosidade e indignação, o que motiva um ídolo acabar sua carreira (!) dessa forma. Casagrande era e continua sendo querido não por ter exatamente o perfil de um grande craque. Foi um bom jogador, isso sim. Na época em que eu ainda acompanhava futebol, lembro que sua estréia vestindo a camisa do Corinthians foi comemorada com quatro gols de sua autoria. Mas, acima de tudo, o centroavante era carismático, era respeitado. Ele fazia parte da famosa Democracia Corinthiana. Ele representava, nos fins dos anos 80, a vanguarda do futebol. Desde aqueles tempos sua imagem já era diretamente vinculada às drogas. Seu jeito mole de falar e suas divagações difusas davam pistas certas de que ele se apoiava em alucinógenos. Mas isso fazia parte de uma época em que fumar um baseadinho era bacana, era moderno, era hype, era uma maneira de se desvincular das couraças e estar aberto a novas experiências. Não existia Beira-Mar (não com essa repercussão de hoje) que amarra o consumo de maconha ao narcotráfico, aos arrastões, à pirataria, ao financiamento do crime. Casagrande era o João Estrella do futebol. Idolatrado pela galera, sem saber exatamente por quê. E hoje, confinado em uma clínica de reabilitação. Um viva a Casagrande e sua senzala de seringas.

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