terça-feira, 18 de março de 2008

Um Sonho Dentro de um Sonho

Qualquer semelhança com David Lynch não é mera coincidência. Hopkins faz um tributo-entrega ao mestre do surrealismo moderno. Exaltação de um ambiente cafona, música de rádio de antigamente mesclada a um repentino Eurythmics, por exemplo. Sem falar na evidente repetição de imagens dentro de outros contextos, ou dos mesmos contextos-lugares, ruptura da linearidade, então temos aí um prato cheio de comparações. O filme começa com a desconstrução de paradigmas. Nada é o que parece. Ou é, muito pelo contrário. O roteirista e diretor rompe com o cinema, mostrando um pouco de tudo quanto é nuance cromática, planos e closes, sons e silêncios. Essa pluralidade estética faz o filme parecer uma loja de liquidação, onde tudo é possível e perde seu significado. Depois, rompe com as imagens. Um transeunte afirmando que o digital veio pra ficar talvez sirva de crítica aos métodos atuais de filmagem. Talvez. Hopkins também coloca no liquidificador a película, o digital, o límpido, o granulado. Essa (falta de) seqüência tresloucada faz cada fotograma perder seu efeito, seu impacto. Diante de tanta confusão celulósica, o espectador já está anestesiado. Qualquer significado a partir das imagens torna-se frágil. Mas eis que o filme ganha outro sentido. Toda essa colcha obturada em película nada mais é do que a reconstituição de uma vida. A forma de expressão das teorias médicas em torno dos flashbacks. Sublime homenagem à Sétima Arte.


3 lentilhas

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