terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Bubblekill


A gente sabe que o país está em crise quando vê várias lojas fecharem. Nem estou falando das paleterias, coqueluche de 3 anos atrás que tinham sua morte certa e decretada. Ou das livrarias, que não acompanharam as tendências de consumo. Bares, boates, baladas, restaurantes, têm seus ciclos: fecham e abrem a toda hora. Tem também os lugares micados, cujos estabelecimentos duram menos do que uma estação do ano. Mas acho preocupante quando você vê um local abandonado, com a placa “aluga-se”, de um tipo de negócio no auge do seu modismo. Hamburgueria gourmet, por exemplo. Se fechou, é porque a carne é ruim. Ou os sócios não souberam trabalhar, não tinham o dom pro comércio. Ou abriram o negócio certo, só que no lugar errado. Ou aquilo lá era fachada de doleiro ou contrabandista.

Dias atrás, vi uma placa “vende-se” na porta da Bubblekill ao lado do metrô Ana Rosa. Uma rede coreana de drinks exóticos, estilo do it yourself. Você escolhe um tipo de água ou chá, depois escolhe o sabor que acompanha a bebida e, por último, o sabor de umas bolinhas que finalizam o acepipe. Como você percebeu, um longo processo até o preparo final. Se perder no meio do caminho é tiro e queda. É tipo um Subway líquido. E essas bolinhas coloridas é que dão o toque, que são o diferencial. Para se ter uma ideia, na unidade da 24 de Maio, dentro da Galeria do Rock, a loja estava bombando nos primeiros meses de sua inauguração. Isso deve fazer pouco mais de 1 ano. Havia uma fila enorme competindo com os espaços das lojas de tênis e dos camelôs. De longe, não dava pra saber direito o motivo de tanto movimento. A casa parece uma balada techno, uma rave urbana, com suas luzes em tons de azul, verde-limão e aquele púrpuro típico de luz-negra. Deve ter algum tipo de cocaína ou alucinógeno dentro dessas bolinhas, só pode. Ninguém sai de casa e enfrente fila pra tomar soda com sagu.

Muito estranho, portanto, a loja da Ana Rosa falir. Primeiro, porque essa modinha é recente. Não deu tempo de ficar obsoleta. Segundo, porque leva a marca coreana. Samsung e Hyundai são coreanos. Não tem como dar errado. E terceiro, muito difícil um lugar que vende ecstasy disfarçado de vitamina sucumbir aos tempos.


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