domingo, 27 de abril de 2008

Farrapo canino

O circuito Arteplex de São Paulo (Unibancos, Bombril, ig, etc.) costuma, sempre que possível, se não priorizar ao menos contemplar filmes que versam sobre minorias raciais ou facções populacionais discriminadas. Sejam os argelinos na França, os muçulmanos ou latinos nos Estados Unidos, os nordestinos em São Paulo, há sempre uma repetição de temas que colocam em discussão as relações humanas baseadas em preconceitos. Mas parece que este circuito não entendeu a proposta de um filme ou levou esta questão longe demais. Na semana que antecede o feriado do Dia do Trabalho, reestreou no Espaço Unibanco, em um único horário vespertino, o filme Vira-Lata, adaptação (bem bestinha) do desenho animado das antigas Underdog (muito bom). Um tapa-buracos meio incompreensível, já que as reestréias de filmes infantis costumam ocorrer em outubro, bem próximas ao Dia da Criança. E, já que não estamos em agosto, nada justifica trazer de volta uma bobagem que enaltece a raça canina. Se ao menos fosse uma película de sucesso de bilheteria, vá lá. Mas não é o caso. Esse enlatado da Disney apenas cumpriu seu papel comercial. Daria para entender neste contexto, por exemplo, a volta do Ratatouille, que agradou a diversas parcelas cinéfilas. Mas aqui nem o street dog, a sub-raça rejeitada que ganha superpoderes para dizimar rejeições preconcebidas, consegue atrair um mínimo de atenção. Nem vai ser preciso chamar a carrocinha. Essa aposta errada que já está mofando nas locadoras vai virar sabonete antes mesmo das comemorações trabalhistas.

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