domingo, 6 de abril de 2008

A fidelização do poder

A solução para os problemas do Brasil não é acabar com a fome, mas dar à sua população carente uma esmola chique, uma cestinha básica bonitamente chamada Bolsa-Família. Não é investir em educação de base (uma das piores do mundo), a fim de formar jovens pensadores, cidadãos conscientes e preparados para o mercado de trabalho, que encontrem condições para sair da bandidagem do narcotráfico. A solução não é tão-somente reforçar a segurança pública, como também pensar num novo modelo de polícia. É deixar o Rio de Janeiro bonitinho para os Jogos Pan Americanos. Não é vestir a camisa para encarar de frente a reforma tributária, mas sim abafar escândalos, fazer alianças escusas com uma parcela equivocada da oposição, delongar CPIs para manter as mamatas do cartão corporativo. E agora estão falando em criar um plebiscito oportunista, aproveitando a crescente e máxima popularidade do nosso tirano vigente, que lhe poderá conceder um terceiro mandato. Não bastasse a amizade nutrida aos retrógrados déspotas esclarecidos da Bolívia e da Venezuela, que não ficou bem na foto, agora querem copiar um modelo de regime do qual até o próprio moribundo Fidel Castro abdicou. O Brasil, este Brasil que aí está, escaneia, e escanea mal, tardia e porcamente, aquela página que o mundo já virou. Ou existe um corpo fechado nessa história, ou muito dinheiro envolvido com o objetivo específico de deixar tudo exatamente como está. Em outras palavras: um forte esquema de administração pública panecircense. É inadmissível uma das mais tardias democracias da América Latina ter de engolir um pouco mais o Stalin do Nordeste, o Sassá Mutema do PAC. Por mais alguns segundos que sejam. Democracia avançada é alternância de poder. Ninguém quer mais uma Cuba em nosso continente, desta vez sem os índices de desenvolvimento de Cuba. Os únicos barbudinhos que a Humanidade tolera por mais de um século são Jesus Cristo e Papai Noel, e olhe lá.

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