sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Código desconhecido

Não nasci pra certas coisas. Não me considero um neoludita, não sou daqueles que ficam choramingando o revival dos tempos antigos. Meu tempo é hoje, por mais duro que possa ser pra mim. Mas tem coisa que não dá. Com a mais pura sinceridade que tenho para compartilhar com vocês, confesso não conseguir enxergar patavinas daqueles códigos secretos para identificar envio de spam. No Brasil todo mundo é culpado, até que se prove o contrário. E com a Internet, lógico, a mesma coisa. Não sou um hacker, não sou de enviar toneladas de e-mails falsos, não sou robô (embora às vezes eu pareça, devo admitir), a maioria dos meus amigos sabe disso. Entretanto, sou obrigado a provar para o ciberespaço toda essa minha carga de boas intenções. E confesso ficar possesso quando tenho que redigitar e redigitar os tais ideogramas parcialmente escondidos num emaranhado de cores e fios, dentro de um retângulo que é a porta de acesso para serviços eletrônicos. Se eu não consigo visualizar esses caracteres sobressalentes em cores esmaecidas, diferenciando as sutilezas (em alguns casos) das maiúsculas e minúsculas, não posso realizar nada nos sites. Mas o problema é comigo. Eu é que sou cegueta. Eu é que devo consultar o oftalmologista antes de ligar o micro.

Anteontem, tentei participar de uma promoção de refrigerantes. Não me identifico com o Rogério Ceni, muito menos com o Luciano Huck, mas me identifiquei logo de cara com os prêmios. Mais uma vez, o burraldo dessa história toda sou eu. Eu é que não acompanho tendências, eu é que estou milênios atrasado em relação às novas visualizações tipográficas. Devo agradecer aos céus que a empresa promotora me poupou de ter de recortar o código de barras, colar um envelope, escrever frente-e-verso, enfrentar as filas decametrais dos correios. Peguei meu obsoleto celular (dois anos e meio de uso) e tentei enviar um torpedo SMS. Primeiro, um número correspondente à resposta correta da pergunta impressa no rótulo da embalagem, corpo 6 ou 8. Quem manda eu não andar com lupas no bolso? Seguido do número, uma seqüência de letras e números impressos no plástico da tampinha, provavelmente gerados por impressora matricial por causa da imperfeição de suas retículas. Eu é que sou o retardado de não conseguir detectar a diferença entre o Z e o 2, entre o G e o 6. Obviamente, após o envio, o zé-mané aqui recebeu a resposta dizendo que o código era inválido. Que paparicar o consumidor, que nada. Se o interessado pelo prêmio sou eu, então o iletrado, o apedeuta virtual aqui é que deve se esforçar ao máximo para concorrer. Que nem as filas nas casas lotéricas. Decifra-me ou devoro-te. Isso é ser bem moderno.

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