sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Vingança

A vingança é um prato que se come frio. Pudera. Depois de um 2008 cinematograficamente morno, no que se refere ao conjunto de filmes brasileiros lançados em circuito, eis que surge uma célula viva nas telas. Se as frases elogiosas descontextualizadas das críticas impressas, colocadas no decorrer do trailer, servem para manipular o juízo de valores do espectador, por outro lado mostram que o filme teve uma boa aceitação prévia por uma considerável parte dos tais formadores de opinião. E o longa cumpre as expectativas. Filme de baixo orçamento, com captação em digital mas sem aquele frenesi típico do formato, sem aquela pressa em correr atrás do objeto filmado ou colocar a câmera na fuça dos personagens como se estivesse pronta para estourar suas espinhas. Há planos pensados, há uma seqüência lógica de imagens feitas com força, com paixão. Paulo Pons consegue construir um thriller-rodante com protagonistas com intensidade. Vingança tem o famoso “roteiro bem-amarrado” (odeio essa expressão), abdicando das cenas gratuitas e trazendo sentido a cada movimento. É bem-sucedido em trazer as reviravoltas esperadas do gênero, e acrescenta a esse clichê a mudança paradigmática de peso dramático de cada ator. Quem estava em primeiro plano na trama se apaga no decorrer do filme, e vice-versa. Ou não. Um honesto destaque brasileiro do ano, não só por seus méritos mas também por se sobressair um pouquinho diante de um ano bem apagado.

4 lentilhas

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