terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Omnilever

Concordo com o que uma amiga minha disse na mesa de algum almoço da semana passada: é praticamente impossível passar um dia inteiro sem se deparar com algum produto da Unilever. Ela tem toda razão. A empresa, que antes era notória por fabricar o sabonete Gessy, parece que ao longo das décadas foi comprando tudo o que via na frente, com a fome devastadora de um trator sem freio. Hoje a multinacional fabrica desde produtos de higiene e limpeza até sorvetes de palito. Menos mal. O fabricante de picolés em questão um dia foi propriedade de uma conhecida empresa de cigarros. Com esse domínio de mercado e monopólio das marcas, a empresa praticamente faz o que quer. Desde o lançamento de tendências até o sumiço de determinadas categorias de produtos. A Unilever é onipresente, onipotente e, não duvido, onisciente de todos os bastidores da economia dos supermercados. Vem investindo pesado em segmentos que prezam o bom-gosto e uma melhor qualidade de vida. Lança constantemente produtos considerados inovadores e, não raro, faz que faz para extinguir determinadas espécies ameaçadas pelo Homem. Às vezes acerta em cheio. Outras, nem tanto. Acabei de experimentar uma versão de sabonete cremoso, digamos, um pouco estranha. Claro que é inerente a nós oferecer uma certa resistência para o novo. Mas vai demorar um pouco pra eu me acostumar a esse modelo de banho. Não é líquido nem sólido. Aliás, estou convencido de que a poderosa multi está fazendo de tudo pra acabar com o sabonete em pedra. A novidade tem um perfume excessivamente forte e me trouxe um certo incômodo para a pele. Cremosidade ou suavidade é uma coisa, sensação melequenta é outra. Nesse sentido, 1 a 0 para a versão líquida, que se dissolve rapidamente em contato com a água, traz o frescor necessário e não exige o trabalho dobrado de retirada do produto debaixo do chuveiro. Dentifrício é outro setor que parece estar passando por uma revolução. Daqui a alguns anos, é certo que o creme dental não vai mais existir. Há uma nova apresentação de higiene bucal, em gel, que acho que ainda não pegou. Comprei um kit com três unidades, mais uma nécessaire grátis, e paguei uma bagatela pelo pacote. O lado bom disso tudo é que o oligopólio que toma conta das 24 horas do nosso dia pode arriscar mais, ousar, avançar, fazer tentativas e erros. Por outro lado, se eles resolverem acabar com o papel higiênico de uma hora pra outra, só pra citar um exemplo, seremos raquíticos demais pra reclamar.

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