segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Tchop-tchura

Pra onde caminha a Humanidade é uma pergunta que vou fazer até morrer. No meio de tanta carga informativa, que prega o que é moderno e o que é ultrapassado como doutrina e não como opção de escolha, surgem uns lapsos. Às vezes me sinto obsoleto diante de tanta quinquilharia lixoatômica. Daí começam os revivals. Não sei se por sentimento de culpa. Hoje, sabemos que a música ficou descartável. Uma banda dura tanto quanto a capacidade de armazenamento em um iPod. Lotou memória, deleta-se o grupo musical. Nenhum artista sobrevive enquanto não lançar um gafeclipe no Youtube, não participar de um reality show, não se apresentar ao vivo. E aí aparece de novo e de novo o bom e velho rock and roll. Born to Be Wild, a única música conhecida do Steppenwolf, tema de um filme de 73, agora protagoniza um comercial de celular. Beatles é o pano de fundo de um comercial de uma empresa automobilística. Falando em montadora, Happy Together, música do arco da velha, cantada por sei-lá-quem, acompanha o ritmo de um processo industrial automotivo. E o coração de vidro, Heart of Glass (destas peças de museu, a que mais gosto), embala um vidro de perfume. Se o rock é eterno ou não, prefiro não entrar nessa polêmica. Se faltam símbolos musicais diante de tanta vaporização de artistas voláteis, não sei dizer. A Propaganda sempre se fincou em signos conhecidos, de fácil assimilação. E esses signos eram as músicas de bailinho, de discoteca, da casa dos amigos, da rádio FM. Baixar uma concepção artística musical como se estivesse baixando um ringtone é a prova de que os dias estão mesmo contados para essas novas tendências. E aí, o jeito é apelar para o que ficou. Sem o revanchismo da techneira, por mais tecnológicas que se apresentem essas empresas anunciantes. Mas é por fazer matar a saudade de algo que a gente gostou, que viveu. Que decorou. Que tatuou no cérebro. O resto é... que resto?

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