quinta-feira, 17 de julho de 2008

Ecologicamente correto, my ass

Como o eufemismo ajuda muita gente a tirar o seu da reta. Em época de falatórios sobre aquecimento global, biocombustível, fontes alternativas de energia e outras mensagens ecopolíticas, esse cenário serve de prato cheio para infiltrados. Há sim uma evidente preocupação sobre o esgotamento dos recursos no planeta, que inspira discursos inflamados. O resto, puro oportunismo. Um exemplo desse exercício de pilantragem encontra-se em alguns postos de gasolina. É cada vez mais recorrente nos depararmos com faixas esclarecendo sobre o fato de que “estamos em reforma para adequação ambiental”. Tudo muito bonito, que faz parecer se tratar de uma auto-reflexão sobre conscientização ecológica. Nada disso. Nestas bombas ácidas e mal-intencionadas, não há sequer uma gota de responsabilidade social ou algo que o valha. Onde se lê uma menção a um possível ajuste às determinações ambientais previstas em lei, na verdade se enxerga nas entrelinhas “Sou um empresário salafrário. Adoro o lucro fácil. Não tenho o mínimo remorso em enganar o consumidor. Minha margem de ganhos não permite vender outra coisa a não ser gasosa batizada. Misturo, e misturo mesmo, água, éter, solvente, cachaça e tubaína no combustível que vendo. Estou cagando e andando para o rendimento do produto e a vida útil do motor do carro de quem estaciona nos postos de minha propriedade. Só que desta vez me pegaram. Não consegui subornar as autoridades. Paguei uma multa alta e não consigo passar pra frente esses pontos micados”. Ainda bem que alguém está fazendo alguma coisa para a saúde cidadã. E vocês não fazem idéia de como me sinto condoído com essas ações de panfletagem engajadamente benéficas daqueles que se dizem simpatizantes de um planeta mais respirável.

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