quinta-feira, 31 de julho de 2008

Rocky Gol

Desconfio embasadamente que os criativos da agência de publicidade Almap não entenderam muito bem o espírito da coisa sobre a volta do Silvester Stallone às telonas. Rocky foi uma demonstração apaixonada sobre o dar a volta por cima, resgatar valores e técnicas considerados antigos e ultrapassados. Rambo usou o que há de mais moderno cinematograficamente (câmeras, ângulos, cortes, efeitos), mesmo que tenha retomado um assunto sessentista (sem a alusão repaginada sobre a Era Bush). Que o ator-diretor tenha se esmerado em fazer uma autoparódia, isso é evidente. Mas existe uma diferença muito clara entre a auto-referência assumidamente anacrônica e o deboche. A nova campanha para TV do Gol, tão engraçadinha quanto ordinária, não disse exatamente a que veio. Gisele Bünchen (que está desaprendendo a falar Português a cada dia que passa e a cada alto cachê que ganha) é a associação à beleza padronizada e globalizada do automóvel que, cá entre nós, não é dos mais bonitos no mercado. Já o truculento deformado é a força, a garra, a eficiência, a facilidade brucutu de conduzir tal veículo. Stallone lutou boxe e atirou pra caramba em seus filmes, mas... artes marciais? O sustinho-surpresa “buu” do final é até cômico, um chiste inspirado, mas será que essa atitude agrega valor e conceito às características do carro? Este novo comercial virou uma espécie de desdobramento chique do YouTube, uma piada fílmica com poder de mídia massiva maior que o marketing viral mas, se espremida até sua essência vazia, logo logo cai no esquecimento. Qual será o resultado de vendas dessa campanha oca? Aumento do movimento nas videolocadoras?

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